terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

1º de fevereiro de 2008 - Lado B

A vida costuma caminhar de forma lenta, embora decidida. Nós sabemos e estamos acostumados com isso, e assim fazemos nossos planos, dividimos as coisas em parcelas com as quais podemos lidar a cada momento e tentamos conquistar as coisas aos poucos. Dificilmente alguém acorda um dia e percebe que vai conseguir aquilo que tanto queria sem que isso tenha sido planejado e conquistado, essas coisas costumam envolver todo um processo. Entretanto há dias que as coisas não acontecem bem assim, dias em que simplesmente tiramos a sorte grande e algo dá mais certo do que costuma dar, um dia que tem tanto significado que pode mudar o rumo de toda uma vida. Quem sabe nesse dia a solução daquele problema insolúvel caiu do céu, ou quem sabe aqueles realmente eram os números premiados da loteria, ou quem sabe algo melhor. Meu dia assim foi o 1º de fevereiro de 2008.

Naquele dia eu estava bastante nervoso, tinha um encontro marcado depois de muito tempo sem sair com niguém, com uma garota com quem eu só tinha trocado algumas palavras pessoalmente uma única vez, e que apesar das fotos eu nutria um medo ingênuo de não conseguir reconhecer. Havíamos conversado por horas a fio na internet, quem sabe talvez até ao ponto esgotar todos os assuntos e gerar um silêncio constrangedor. Isso se mostrou um medo mais ingênuo ainda, no fim das contas. Não só nos reconhecemos logo de cara, como tivemos uma tarde muito agradável, com praticamente 6 horas de conversa interrompida apenas por um pouco de sorvete. Me despedi dela com uma certa tristeza pelo dia ter acabado, mas por sorte inventaram o 2 de fevereiro, e o 3, e o 4, e o 5. Provavelmente não tão decisivos, mas nem por isso menos inesquecíveis.

A partir do primeiro de fevereiro, minha vida não era mais a mesma. O peso da importância das coisas mudou, as motivações mudaram, o significado das músicas mudou, alguns gostos mudaram, algumas cores, os planos de mais longo prazo deixaram de ser inexistentes. E aquela sensação de que apesar da boa vida faltava alguma coisa foi embora, também. Foi nesse dia que conheci o meu amor de verdade, e agora comemoramos dois anos desse dia tão importante. Te amo demais, Buca.

1º de fevereiro de 2008 - Lado A

Estava uma sexta-feira tão bonita. Estava quente, é verdade, mas afinal ainda era verão. O encontro estava marcado para 13:47, assim se ela se atrasasse – o que era bem comum – ele não perceberia tanto.
De fato quando ela chegou lá ele já estava esperando sentado na escada. Quando ela o cumprimentou pensou que não lembrava que ele era tão alto. Não lembrava, também, que ele era tão bonito.
Depois de um pequeno silêncio constrangedor inicial, as coisas começaram a fluir. Foram até um parque onde conversaram sobre música, cinema, literatura e até política. De repente era como se se conhecessem a vida toda. As horas passaram como minutos quando o relógio da catedral sinalizou que já eram cinco da tarde.
Foram tomar sorvete quando o momento de se despedirem se aproximava. Continuaram conversando, cientes de que a tarde estava acabando e que até aquele ponto o encontro parecia de bons amigos, quando na verdade os dois sabiam que não era só isso. Desde os primeiros recados um interesse mútuo surgiu entre eles e foi crescendo. O mistério do outro e a ânsia por desvendá-lo fizeram com que as conversas fossem cada vez mais freqüentes e a proximidade de um encontro só fez aumentar a ansiedade pelo que estava por vir.
Agora ali, de frente um para o outro, a ansiedade havia desaparecido, uma paz boa havia invadido o lugar. Eles ainda eram somente amigos quando se despediram naquele final de tarde, mas o carnaval estava apenas começando...